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Pessoas Normais (Resenha)
10:50:00Boa Noite, leitores. Hoje com uma resenha de um livro que li, Pessoas Normais de Sally Rooney que foi um dos melhores livros de ficção mo...
Boa Noite, leitores.
Hoje com uma resenha de um livro que li, Pessoas Normais de Sally Rooney que foi um dos melhores livros de ficção moderna que já li. Com uma escrita diferente e ousada, Rooney surpreendeu a comunidade literária.Há quem diga que é a voz de a geração millenial . Será?
Eis então a minha opinião acerca deste livro.
A identificação do leitor com os personagens é constante e proposicional. Uma excelente forma de prender os olhos de quem lê. A construção dos personagens tem uma profundidade emocional. Rooney não se contentou em apenas escrever um personagem, mas sim toda a "bagagem" que um personagem da vida real traz consigo.
Hoje com uma resenha de um livro que li, Pessoas Normais de Sally Rooney que foi um dos melhores livros de ficção moderna que já li. Com uma escrita diferente e ousada, Rooney surpreendeu a comunidade literária.Há quem diga que é a voz de a geração millenial . Será?
Eis então a minha opinião acerca deste livro.
A autora irlandesa estreou-se com o romance "Conversa entre Amigos" recebendo inúmeros elogios após o seu lançamento.
Em 2019, lança o seu segundo romance com "Pessoas Normais" que nada tem de "normal". A palavra "normal" é muito mal usada. Nada de normal há na vida de alguém. A vida é caótica, inesperada, surpreendente e incontrolável. O nosso percurso aqui nunca é planeado por mais que queiramos que seja.
O estigma do "normal" sempre fora inserido de forma a causar desconforto e uma exigência em se tornar padrão.
A história foca-se em duas pessoas. Duas personagens principais com demasiadas semelhanças "normais" que aborda os temas de uma sociedade que não vê os seus efeitos negativos e de uma relação complicada.
Trata-se dois jovens. Marianne e Connell, digam "prazer" a estes dois, pois vão nos acompanhar ao longo do post.
Apesar de frequentarem a mesma escola, Connell e Marianne nunca haviam falado. Talvez pelo "estatuto social". Se por um lado Connell era popular, Marianne era tímida. E por isso, nunca foi o plano conhecerem-se.
O elo de ligação será a mãe de Connell que trabalha como emprega doméstica na "mansão branca" de Marianne, que começam a falar porque Connell passa a ir buscar a sua mãe mais vezes.
A dinâmica entre o pobre/rico que supostamente assumimos o rico ser popular e o pobre não, é logo evidente. Foi inteligente quebrar as regras e perceber que não é o valor monetário que faz o estatuto social nas escolas. O que viria ser bem diferente na faculdade.
A importância ridícula que os jovens dão a popularidade nas escolas cria no futuro a noção errada nos meios de socialização. A necessidade do ego ser mostrado é logo incutida desde cedo.
Após uma conversa ao acaso na cozinha, os dois criam uma conexão intensa. Porém, lá fora teriam de esconder a sua intensa amizade para que a imagem de Connell se mantivesse intacta.
Ficar sozinho com ela é como abrir uma porta para além da vida normal e fechar essa porta ao sair. Ele não tem medo dela. Na verdade, ela é uma pessoa tranquila, mas ele tem medo de ficar perto dela por causa do jeito confuso como ele se comporta, as coisas que ele diz que ele nunca diria normalmente.
A identificação do leitor com os personagens é constante e proposicional. Uma excelente forma de prender os olhos de quem lê. A construção dos personagens tem uma profundidade emocional. Rooney não se contentou em apenas escrever um personagem, mas sim toda a "bagagem" que um personagem da vida real traz consigo.
A relação dos dois é marcada por idas e voltas, constantes e inconstantes. Nenhum dos dois é realmente sincero sempre com medo de algo, por serem os dois inseguros, e por isso acaba sempre por haver instabilidade emocional.
Quando entram na faculdade, há uma troca de papéis. Agora Marianne é popular. Cobiçada por todos os rapazes. Mas Connell encontra-se na espiral desta vez e não consegue fazer amigos.
No entanto, Marianne nunca escondeu conhecer Connell.
Antes todos a odiavam e agora todos a amam? Mas será mesmo? Ou será a sua posição social que eles amam?
Marianne nunca se encaixava. Era freak no secundário. E passou por muito com a morte do seu pai aos 13 anos e com o ambiente violento em casa, e como é claro isso deixou marcas profundas que se iriam refletir nos seus comportamentos futuros.
Ambos se perdem na sua autodescoberta, ficando o amor dos dois sempre para trás apesar da intensidade da relação.
Os capítulos são divididos por anos levando o leitor a acompanhar o processo temporal de toda a história. Mas não é linear, mas sim fragmentado no tempo que cria ligações entre passado/presente.
Desconfortável, Pessoas Normais provoca os pensamentos do leitor fazendo assim sentir inquietação e vergonha dos temas abordados.
Com um desenvolvimento rico, mas não vemos o crescimento dos personagens, e um fim simples, como se de uma mera história de romance trata-se.
Há um corte bruto. A minha opinião é que o corte significa o rompimento da instabilidade emocional, o começo de viver e da aceitação da nossa (in)adaptação no mundo.
Porque o desconforto será algo sempre presente que apenas temos que aprender a lidar. Isso se chama Viver.
Pessoas Normais é a ilusão de todos os seres humanos. O que todos querem mas não são. Porque todos nos somos anormalmente normais.
Respondendo à pergunta se Sally Rooney será a voz da geração millenial. O New York Times achou que sim.
O que sei dizer é que Sally Rooney tem uma escrita muito inteligente e soube usar uma história sobre amor para falar de temas muito importantes na nossa sociedade.
Aclamado pela crítica e com êxito de vendas, Pessoas Normais irá ser adaptado para série que irá estrear este mês na HULU. Mas antes de assistirem à série, aconselho a lerem o livro. Não se irão arrepender.
Até à próxima,
Andievrin.