O Roteiro do Filme da Minha Vida.

A Vida é um Filme, feito de frames , emoções, aventuras, memórias, flashbacks ...Porém ela não tem o fim como no filme, em que dão os créd...

A Vida é um Filme, feito de frames, emoções, aventuras, memórias, flashbacks...Porém ela não tem o fim como no filme, em que dão os créditos e que tudo acaba bem.
Se a minha Vida fosse um filme seria um filme muito monótono, chato e cheio de tédio, surpresas boas e má, momentos... e bem... o fim? 
Vamos ao início...

Primeiro de tudo, teria de ter um título e acho que o realizador daria de "Caotic Inside" e o realizador mais apto e que se enquadra melhor seria Tim Burton, pois ele entende bem a loucura.

No início do filme, vemos uma criança feliz, com os seus caracóis dourados, pele branquinha e sempre com um sorriso. Ela está com os seus pais, eles são tudo para ela. Ela é feliz e adora o Mundo, adoro a forma com a sua mãe olha para ela e como o seu pai pega nela com cuidado e amor.
Ela todos os dias esperava pelo seu pai, guardando o sono, à noite para que eles pudessem brincar às Barbies...Oh o que ela adorava isso! O pai mesmo vindo do trabalho cansado, brincava com ela com uma alegria pura esquecendo assim o dia árduo de trabalho que teve.
A sua mãe observa com um sorriso na sua face, a pequena criança e o homem com quem casou, juntos numa cumplicidade deliciosa.
As noites eram assim. E a pequena rapariga ia dormir com a sua almofada, a bée, a chuchar no dedo para o seu berço, dormindo tranquilamente. Ela sempre amou dormir. 

Depois vemos frames da sua infância, da sua época mais feliz e pura em que tudo era novidade e tudo era maravilhoso e fantástico. Vemos uma rapariga, sentada na cama, ela agora tem dezanove anos e recorda estes momentos felizes com orgulho e muito carinho na sua mente que para sempre serão guardados. Ela lembra-se dos amigos, das brincadeiras, dos nãos, e dos sins dos seus pais. 
Ela recorda-se da sua melhor amiga com que tanto partilhou momentos criativos e felizes naquele tempo, elas andavam sempre juntas com os seus bonecos atrás, coisa que não poderia faltar.

E quando menos esperava a pequena rapariga que tanto queria um irmãozinho, teve um. Nesse dia, foi o melhor dia da vida dela..."Como é possível ele ser tão perfeito e amar tanto uma pessoa que conhecemos só agora?" pensou para si. 
O seu irmão fazia parte dela, era agora a força dela, a responsabilidade dela e ela prometeu. A promessa que ainda hoje se mantém viva " Eu vou sempre cuidar de ti".

Mas a rapariga foi crescendo e a sua amiga também e com isso seguiram percursos inversos. O tempo faz isso, é uma das consequências de crescer.

Vemos agora a rapariga com treze anos, ela está diferente. Continua a sorrir, mas o sorriso dela já não ilumina como antes. Nem a ela, nem aos outros. Usa roupas escuras e a sua alma começa se a tornar também escura...
Ela fecha-se do Mundo, dentro de um cubo, onde só ela e a sua mente estão sós, mais ninguém, vazio...As pessoas tornaram-se más, amargas e frias e a rapariga começou a ser cada vez mais gozada até que um dia, já não aguentava mais as constantes humilhações e nomes. E ela não entendia o porquê. " Se são maus para mim, é porque algo de errado tenho"
Mas o pior foi quando a sua "melhor amiga" a traiu, espetou mil facas ao mesmo tempo nas suas costas, sem qualquer arrependimento ou misericórdia... "Apenas queria ser popular" disse a amiga, queria ser algo que não é, falsidades...
Então a rapariga começou a reparar que a falsidade, ignorância e ganância governam as pessoas e como consequente o Mundo...

Voltamos ao momento presente, ela ainda está na sua cama com os fones nos ouvidos a escutar "Lithium" dos Nirvana, a banda que tanto ama, e são através das suas memórias que continuamos o filme...

Ela recua para os seus quatorze anos. Tudo está mal aqui. Adolescência, não tinha amigos e o seu auto retrato era sujo e estranho. Ela não se conseguia ver. 
Ela odiava a escola, devido às pessoas...Mas amava estudar, o estimulo do pensamento era tudo para ela, foi quando começou se a interessar por diversos temas como a astrofísica que era um Mundo onde ela podia sonhar entre as infinitas galáxias e estrelas contidas nelas. Viajar pelo Universo e o Mistério deste a fascina profundamente.
A sua mente está sempre a vaguear, desde que criança que é assim, perde-se nos seus próprios pensamentos e de tanto pensar começa a doer. Começa a dor a crescer...
Os seus pais acabaram, a família agora estava dividida...Nada estava bem, tudo estava mal. E a rapariga era parte dessa separação, era o elo que os juntava, mas a mãe não queria mais. Estava farta. 
E, no fundo, a rapariga também estava farta das discussões e das confusões em casa... Foi o melhor para a mãe e para a rapariga e o seu irmão. 
Porém, o pai está triste e cada vez mais triste, entrando numa onde de tristeza e melancolia, ele ama ainda a mãe.

Ela refugia-se no seu Mundo, no desenho, na Música, na ciência, nos factos. No seu Mundo ela pode ser ela, sem qualquer julgamento ou represália. Ela pode ser ela mesma. Fiel a si mesma, sem ninguém por perto para a magoar. Ela é uma sonhadora incurável...Mas que com o tempo fica com medo de sonhar.

A rapariga está deitada agora na cama, a playlist está a acabar, e não está a sorrir. Está a pensar em tudo ao mesmo tempo, como se a sua mente fosse explodir.

Todavia, ela recorda o momento quando conheceu uma pessoa importante. Quando tinha cerca de dezasseis anos, conheceu uma rapariga muito especial. Ela era da sua turma, nova e calada, com o seu cabelo cacheado e sempre com um olhar triste a olhar para o quadro, na mesa da frente.
Com um simples olhar ela percebeu que iriam ser amigas. Grandes amigas, na verdade, como irmãs.
Amizade que ainda se mantém até hoje. 
Ela recorda os momentos loucos e divertidos que tiveram até agora, ao som de "Friends Will Be Friends" dos Queen...Mas ela tem que ir embora, preparar-se para o trabalho e focar-se no presente...Na realidade.

A rapariga estuda muito, esforça-se para ter boas notas, para ser perfeita na verdade. Ela é perfecionista.  Tudo tem de estar perfeito, inclusive ela tem de ser perfeita, mas a perfeição não existe, ela entende isso agora.
A loucura reside nela e o caos também. Ela não sabe mais ser feliz, não conhece esse sentimento. Ela apenas conhece a tristeza como as palmas das suas mãos.
Mas ela tenta enfrentar os demónios interiores, de todas as maneiras possíveis, mas eles não morrem, eles gostam dela, abraçam-na e ficam, ao contrário dos humanos.

Retomamos ao presente, a rapariga de dezanove anos vai trabalhar, finge o sorriso e distraí-se pela multidão de pessoas. Ela tenta, mas algo acaba sempre por falhar. 

Todavia quando ela menos esperava, alguém reparou nela. Ele. Ele olhou atentamente para ela desde o inicio, ele reparou nela e aceitou-a como ela é. Com os seus demónios. E ela reparou nele.
A última cena do filme acaba com a rapariga e o rapaz a olhar e a conversarem no banco da estação de comboios perdidos entre si e nas suas conversas...

O filme acaba em aberto, nunca se sabe o que irá acontecer. Porque a Vida é Imprevisível e Complicada, cheia de constantes e inconstantes, certezas e incertezas, momentos, memórias...
E por isso a nossa Vida teria de ser contada em sagas...Várias até...E infinitas talvez.



Escrito por:

You Might Also Like

0 Comments