Bizarro
As Viagens ao Outro Lado
07:58:00
Boas Noites, hoje no Oculto as Viagens ao Além.
Tive a fazer algumas pesquisas e encontrei de facto relatos bem interessantes bem como estudos publicados.
No século 19, o geólogo sueco Albert Heim promoveu um dos primeiros esforços da era científica para sistematizar relatos de quase morte. Ele, que era montanhista, viveu pessoalmente uma EQM (Quase Morte), em 1871, ao sofrer um acidente durante uma escalada. Ao lembrar-se do acontecido, relatou uma grande expansão de sentidos durante a queda, como se ouvisse e visse muito melhor, além da sensação de que o tempo passava devagar e surgia uma “profunda aceitação” da morte iminente. A curiosidade levou-o a estudar mais de 30 relatos semelhantes dos seus colegas montanhistas, publicados no estudo Notes on Death from Falls. Todos coincidiam com a experiência de Heim, e alguns traziam novos elementos – como a recordação súbita de experiências de vida e o som de uma música desconhecida e agradável a tocar no vazio. Nenhum mencionou ter sentido dor ou medo.
O trabalho de Heim marcou uma mudança fundamental: as EQMs entravam no radar da comunidade científica. Nos anos 2000, o cardiologista holandês Pim van Lommel conduziu outro levantamento semelhante, envolvendo 344 sobreviventes de paragens cardíacas no país. O estudo revelou que 18% dos pacientes relataram algum nível de consciência enquanto eram ressuscitados, e cerca de 9% mencionaram EQMs – incluindo consciência de ter morrido, observação do próprio corpo de um ponto externo, visão de túneis ou luzes e encontros com pessoas falecidas. Mas até que ponto uma pessoa que relata uma experiência dessas está “morta” de verdade? Talvez ela apenas pareça morta, mas esteja com o cérebro vivo o suficiente para ter ilusões. É uma pergunta difícil de responder e que fica ainda mais complicada na medida em que o conceito de morte muda juntamente com os avanços da ciência.
Em 1846, a Academia de Ciências de Paris criou um critério para definir a morte, sugerindo a ausência de respiração e de batimentos cardíacos. Era comum dar uma pessoa como morta no máximo 15 minutos depois da parada cardiorrespiratória. A partir dos anos ´50, com o surgimento dos respiradores artificiais, o que prolongou a vida de pacientes e tornou o antigo critério obsoleto, convencionou-se que o fim da vida acontece com a morte cerebral. Quando o sangue para de circular no cérebro, os neurónios começam a morrer – e a partir de determinado ponto é impossível o corpo controlar as funções vitais ou mesmo funcionar.
Se a mente continua a "existir" mesmo após o se desligar, continua sendo uma questão de fé. Mas um estudo em agosto de 2013 da Universidade de Michigan coloca mais lenha no debate. Pesquisadores monitorizaram o cérebro de ratos que experimentavam morte induzida.
Eles descobriram que, nos primeiros 30 segundos após a parada cardíaca, todos os roedores apresentaram um aumento dramático da atividade cerebral. Se essa explosão de atividade acontece de forma análoga em seres humanos, talvez explique as visões e sensações das pessoas que relatam EQMs – que seriam reações do cérebro ainda vivo nos instantes anteriores à morte. Uma espécie de mecanismo de auto preservação: com consciência ampliada da situação, o corpo poderia lançar uma última cartada para se defender e se manter vivo.
EQMs já foram registadas em todos os lugares do mundo, mas isso não quer dizer quetodas as pessoas as vivencie do mesmo modo.
Há pessoas que passam por experiências assustadoras na fronteira da morte. Em vez da paz e da tranquilidade sentidas pela maioria, essas vítimas relatam sensações de medo e ameaça, incluindo encontros assustadores com criaturas demoníacas. Alguns ouvem vozes gritando frases debochadas ou ofensivas e há quem diz ter sido arrastado até um poço de escuridão, entre outras coisas desagradáveis. Alguns levantamentos colocam essas visões do inferno como quase 20% do total de EQMs – outras estimativas, bem mais cautelosas, acreditam que experiências negativas não passam de 1%.
Parte dos relatos discrepantes está ligada às diferenças culturais. É comum cristãos enxergarem anjos ou o próprio Jesus Cristo em suas espiadas no além. O indiano Vasudev Pandey, que chegou a ser dado como morto em 1975 devido à febre tifóide, garante ter sido recebido do outro lado por Yamaraja, deus da morte em algumas crenças hinduísmo. Ao perceber que Vasudev não estava morto, o próprio Yamaraja tratou de mandá-lo de volta à vida.
O neuropsicólogo Gary Groth-Marnat, professor do Pacifica Graduate Institute, dos EUA, relata várias dessas particularidades: na Melanésia, por exemplo, os que visitam o outro lado deparam-se com feiticeiros, enquanto índios americanos mencionaram encontros com animais mitológicos, como a águia da guerra. Mesmo com essas diferenças culturais, é claro que muita coisa nas experiências de quase morte é recorrente.
Além da sensação de sair do corpo e conversar com pessoas que já morreram, muitos experienciam a revisão da vida: uma memória ampla, cronológica e quase imediata de tudo que vivenciaram no mundo dos vivos. É a vida passando diante dos nossos olhos – e muitas descrições parecem mesmo com um filme em 3D, no qual é possível ver tudo de forma panorâmica e com grande riqueza de detalhes.
Concluindo, a própria consciência continua a ser um mistério vivo. A ciência não tem respostas sólidas sobre como emerge a nocão do “Eu” e nem como estas pessoas que passam por estas viagens conseguem fazer tais relatos e ter tais sensações...
E vocês o que acham deste assunto? Acreditam nestes relatos?
Tive a fazer algumas pesquisas e encontrei de facto relatos bem interessantes bem como estudos publicados.
A Ciência da Morte
No século 19, o geólogo sueco Albert Heim promoveu um dos primeiros esforços da era científica para sistematizar relatos de quase morte. Ele, que era montanhista, viveu pessoalmente uma EQM (Quase Morte), em 1871, ao sofrer um acidente durante uma escalada. Ao lembrar-se do acontecido, relatou uma grande expansão de sentidos durante a queda, como se ouvisse e visse muito melhor, além da sensação de que o tempo passava devagar e surgia uma “profunda aceitação” da morte iminente. A curiosidade levou-o a estudar mais de 30 relatos semelhantes dos seus colegas montanhistas, publicados no estudo Notes on Death from Falls. Todos coincidiam com a experiência de Heim, e alguns traziam novos elementos – como a recordação súbita de experiências de vida e o som de uma música desconhecida e agradável a tocar no vazio. Nenhum mencionou ter sentido dor ou medo.
O trabalho de Heim marcou uma mudança fundamental: as EQMs entravam no radar da comunidade científica. Nos anos 2000, o cardiologista holandês Pim van Lommel conduziu outro levantamento semelhante, envolvendo 344 sobreviventes de paragens cardíacas no país. O estudo revelou que 18% dos pacientes relataram algum nível de consciência enquanto eram ressuscitados, e cerca de 9% mencionaram EQMs – incluindo consciência de ter morrido, observação do próprio corpo de um ponto externo, visão de túneis ou luzes e encontros com pessoas falecidas. Mas até que ponto uma pessoa que relata uma experiência dessas está “morta” de verdade? Talvez ela apenas pareça morta, mas esteja com o cérebro vivo o suficiente para ter ilusões. É uma pergunta difícil de responder e que fica ainda mais complicada na medida em que o conceito de morte muda juntamente com os avanços da ciência.
Em 1846, a Academia de Ciências de Paris criou um critério para definir a morte, sugerindo a ausência de respiração e de batimentos cardíacos. Era comum dar uma pessoa como morta no máximo 15 minutos depois da parada cardiorrespiratória. A partir dos anos ´50, com o surgimento dos respiradores artificiais, o que prolongou a vida de pacientes e tornou o antigo critério obsoleto, convencionou-se que o fim da vida acontece com a morte cerebral. Quando o sangue para de circular no cérebro, os neurónios começam a morrer – e a partir de determinado ponto é impossível o corpo controlar as funções vitais ou mesmo funcionar.
Um Caso em Concreto
Durante cerca de uma hora em 1991, a cantora e compositora americana
Pam Reynolds esteve morta numa mesa cirúrgica. O seu corpo tinha temperatura abaixo dos
10 °C, os pulmões não funcionavam, o coração não batia mais...
Os
equipamentos não registavam atividade cerebral e a circulação de sangue
foi reduzida a zero. Todos estes indicadores trágicos eram, na verdade, propositados e monitorizados de perto pela equipa médica. Faziam parte de
um esforço desesperado para operar um grande aneurisma (dilatação
anormal de uma veia) na base do cérebro, impossível de acessar em
circunstâncias normais. Ironicamente, para salvar a vida de Pam, era
preciso matá-la, drenando todo o sangue do seu cérebro, para depois
trazê-la de volta à vida, para que não restassem sequelas do
processo.
Na verdade, o procedimento nem teria ocorrido se ela estivesse
viva, já que o aneurisma provavelmente explodiria e Pam morreria.
Assim foi feito: durante a cirurgia, ela esteve tão morta quanto a
medicina consegue determinar. E a operação foi um sucesso.
Mas, ao despertar, Pam contou que contemplou o próprio corpo, os
médicos e a sala de cirurgia durante o procedimento. Sentia os sentidos
mais aguçados, vendo tudo com clareza e escutando as conversas de
médicos e enfermeiras – mesmo que, na mesa cirúrgica, os seus olhos
estivessem cobertos com fita adesiva e os ouvidos tapados com
protetores auriculares. Pam diz ter sido conduzida por uma força
invisível até um grande ponto de luz, onde foi recebida afectuosamente
por familiares já mortos, entre eles o seu tio.
Na verdade, Pam não queria ir embora daquela experiência, pois
foi tão agradável.
Para que ela
voltasse a viver foi preciso
que o seu tio apelasse, “empurrando” o espírito dela de volta ao corpo. A
sensação, segundo Pam, foi a de mergulhar em água gelada. Foi uma
experiências de quase morte (EQMs, no jargão científico), como tantas
outras, mas a história de Pam teve algo a mais: é uma raríssima situação
em que tudo estava sendo monitorizado desde o início.
A morte clínica de
Pam é aceita por todos os integrantes do corpo médico e está amplamente
comprovada pelos dados colectados na cirurgia. Os relatos do que ela diz
ter ouvido são compatíveis com o que foi dito durante a operação, e
instrumentos utilizados para abrir o crânio de Pam – alguns haviam sido
recém-criados (e portanto ela não teria como ter visto antes) – foram
descritos com exatidão.
Não é possível, claro, comprovar a visita de Pam Reynolds ao reino
dos mortos e o o seu encontro com o tio falecido.
Mas, se a consciência da
cantora esteve mesmo ativa enquanto o seu corpo estava morto, fica uma
possibilidade intrigante: a de que existe vida após a morte...
Se a mente continua a "existir" mesmo após o se desligar, continua sendo uma questão de fé. Mas um estudo em agosto de 2013 da Universidade de Michigan coloca mais lenha no debate. Pesquisadores monitorizaram o cérebro de ratos que experimentavam morte induzida.
Eles descobriram que, nos primeiros 30 segundos após a parada cardíaca, todos os roedores apresentaram um aumento dramático da atividade cerebral. Se essa explosão de atividade acontece de forma análoga em seres humanos, talvez explique as visões e sensações das pessoas que relatam EQMs – que seriam reações do cérebro ainda vivo nos instantes anteriores à morte. Uma espécie de mecanismo de auto preservação: com consciência ampliada da situação, o corpo poderia lançar uma última cartada para se defender e se manter vivo.
EQMs já foram registadas em todos os lugares do mundo, mas isso não quer dizer quetodas as pessoas as vivencie do mesmo modo.
Há pessoas que passam por experiências assustadoras na fronteira da morte. Em vez da paz e da tranquilidade sentidas pela maioria, essas vítimas relatam sensações de medo e ameaça, incluindo encontros assustadores com criaturas demoníacas. Alguns ouvem vozes gritando frases debochadas ou ofensivas e há quem diz ter sido arrastado até um poço de escuridão, entre outras coisas desagradáveis. Alguns levantamentos colocam essas visões do inferno como quase 20% do total de EQMs – outras estimativas, bem mais cautelosas, acreditam que experiências negativas não passam de 1%.
Parte dos relatos discrepantes está ligada às diferenças culturais. É comum cristãos enxergarem anjos ou o próprio Jesus Cristo em suas espiadas no além. O indiano Vasudev Pandey, que chegou a ser dado como morto em 1975 devido à febre tifóide, garante ter sido recebido do outro lado por Yamaraja, deus da morte em algumas crenças hinduísmo. Ao perceber que Vasudev não estava morto, o próprio Yamaraja tratou de mandá-lo de volta à vida.
O neuropsicólogo Gary Groth-Marnat, professor do Pacifica Graduate Institute, dos EUA, relata várias dessas particularidades: na Melanésia, por exemplo, os que visitam o outro lado deparam-se com feiticeiros, enquanto índios americanos mencionaram encontros com animais mitológicos, como a águia da guerra. Mesmo com essas diferenças culturais, é claro que muita coisa nas experiências de quase morte é recorrente.
Além da sensação de sair do corpo e conversar com pessoas que já morreram, muitos experienciam a revisão da vida: uma memória ampla, cronológica e quase imediata de tudo que vivenciaram no mundo dos vivos. É a vida passando diante dos nossos olhos – e muitas descrições parecem mesmo com um filme em 3D, no qual é possível ver tudo de forma panorâmica e com grande riqueza de detalhes.
Concluindo, a própria consciência continua a ser um mistério vivo. A ciência não tem respostas sólidas sobre como emerge a nocão do “Eu” e nem como estas pessoas que passam por estas viagens conseguem fazer tais relatos e ter tais sensações...
E vocês o que acham deste assunto? Acreditam nestes relatos?
2 Comments
Uiii este é um assunto que tem muito que se diga :X
ResponderEliminarBeijinhos
www.beatrizcouto.com
Pois é, muita coisa estranha que existe no nosso Universo e este tema está entre eles...
EliminarBeijinhos,
Andie.