O Dia em Que Morri

Aquela tarde. Uma fria e chuvosa tarde de janeiro. O dia em que nasci seria o dia em que morreria. Poético. Sentada no sofá, a pensar ou...

Aquela tarde. Uma fria e chuvosa tarde de janeiro. O dia em que nasci seria o dia em que morreria. Poético.
Sentada no sofá, a pensar ou talvez a não pensar...Os pensamentos obscuros cobriam a minha mente como um vulto e rodeiavam-me como um manto, um escuro manto. A raiva corria sobre as minhas veias e as lágrimas corriam e marcavam lentamente a minha face. A minha outrora pálida face era agora marcada pelas lágrimas de fogo que saiam do meu triste e desesperado olhar. Os olhos pesavam-me, mal os conseguia abrir...e a garganta que tanto doía da dor há tanto contida.

Não pensei, impulsos me levaram à aquela ponte que parecia uma enorme varanda. Subi e agarrei me aos ferros, já oxidados, com ambas as mãos, tudo de forma mecânica e programada, ordenada subtilmente pelas vozes.

Olhei para baixo e a estrada tivera-se tornado num oceano. Calmo, porém obscuro e violento...
Já não corria mais lágrimas, aquelas tão ácidas lágrimas que pareciam fogo, agora estava tudo calmo e silencioso, pela primeira vez.
Flashes vinham e iam, imobilizada, penso naqueles últimos momentos, na carta, naquelas pessoas. Mas não faz mal, "não fazes falta".

Olhei para o horizonte, a chuva estava forte, e o céu estava a testemunhar, juntando-se as nuvens e chocavam umas contra às outras, de revolta. Larguei um braço, e depois o outro. Voei durante aqueles segundos, pareciam uma eternidade, eternidade essa que era a Liberdade para mim. Não doeu. Foi rápido.

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