Joy Division

Hey, pessoal! Hoje na Música do blog, uma das melhores e icónicas bandas punk rock dos anos 70, os Joy Division. Deves conhecer o tema &...

Hey, pessoal!

Hoje na Música do blog, uma das melhores e icónicas bandas punk rock dos anos 70, os Joy Division. Deves conhecer o tema "She Lost Control" ou "Love Will Tear Us Apart", dois dos grandes êxitos da banda. Marcada pelas suas melodias melancólicas do quotidiano e as suas composições tinham um cenário catastrófico e imprevisível devido à política da altura e as suas letras profundas que tiveram um impacto na cultura jovem da época...e não só...
Mas vamos rebobinar e conhecer a história desta banda, que apesar de não ter estado muito tempo no panorama musical, marcou o Punk Rock e não só a geração de 70 mas futuras gerações também.  



A banda nasceu em Manchester, Inglaterra, a 20 de julho de 1976, quando os Sex Pistols tocavam no Lesses Free Trade Hall, junto com os Buzzcocks e os Slaughter and The Dogs. Essa apresentação histórica estimulou muito o cenário musical da cidade e, consequentemente, todos os futuros membros do Joy Division.

Tudo começa depois desse concerto e, em 26 de dezembro de 1976, os Buzzcocks com o mítico produtor Martin Hannet, gravaram o seu primeiro EP, Spiral Scratch. Considerado o movimento punk em Manchester já instalado e sendo um sucesso na época, foi o grande fator de motivação para Ian Curtis (o vocalista).


Bernard Sumner (Barney) e Peter Hook estavam no concerto também com o seu amigo Terry Mason. Barney já tinha uma guitarra, então Peter Hook decidiu comprar um baixo e Terry foi convidado, embora não tocasse muito bem, para a bateria. O que faltava era um vocalista, e Ian Curtis, que também estava presente e já conhecia os outros três, seria o homem certo para isso. Não certo, Ideal!



Durante a década de 70, a crise económica que atingiu a Inglaterra e impulsionou o movimento punk criou também o ambiente de desolação que alimentou o pós-punk depressivo e niilista do grupo. No final dos anos 70, a futurista e progressista Manchester era uma cidade decadente atingida em cheio pela recessão. Despovoada na região central e nos arredores, com áreas industriais devastadas e abandonadas, a cidade transparecia tristeza por todos os cantos. Para tornar mais sombria a atmosfera de Manchester, vigorava uma dura e agressiva política de controle moral e social, levada a cabo pela polícia local. Esse ambiente claustrofóbico e paranóico refletiu-se muito nas composições do Joy Division como é possível ouvir.

Em 1978, o grupo fez algumas apresentações no The Factory, clube noturno que deu origem a Factory Records, do produtor Tony Wilson, selo independente que lançou além do Joy Division toda uma geração de bandas do pós-punk de Manchester, como New Order e Happy Mondays.

Além das questões económicas e sociais, a ascensão de uma música electrónica pop na segunda metade dos anos 70 também influenciou o som da banda. 
O uso de sintetizadores e baterias electrónicas, tanto pela música de discoteca como pelo rock electrónico dos alemães do Kraftwerk, era uma novidade que foi incorporada pelo grupo, apesar do predomínio de uma levada punk nas primeiras composições.


A Política e a Ascensão de Uma Banda Icónica

O ano seguinte foi importante na ascensão dos Joy Division, enquanto gravavam o seu primeiro álbum “Unknown Pleasures” paralelamente a Inglaterra atravessava um longo período de domínio político conservador com a ascensão ao poder de Margaret Thatcher. Além disso, o mundo vivia sob a ameaça de um conflito nuclear entre EUA e União Soviética, num dos momentos tensos da Guerra Fria em dezembro de 74. 
Cercado por perspectivas sombrias, que pareciam tornar realidade o lema “NO FUTURE” do punk, e vivendo neste ambiente social carregado de pessimismo e medo, produziram este disco visceral com letras sobre controle, dominação e fuga. 
 Os temas das canções e a forma como o álbum foi produzido refletiam com perfeição os espaços vazios e lugares escuros de Manchester. Ian Curtis com os seus vocais expressivos apresentava uma performance ao vivo que parecia possuído por demónios, dançando descoordenadamente à “velocidade da luz”.

Jon Savage na Revista Melody Maker em 1979


 


 Ian Curtis


Ian estava interessado não apenas na música, mas também na composição das letras e já há bastante tempo que tentava formar uma banda. 
Com uma profunda influência da poesia simbolista de Arthur Rimbaud, ele queria reproduzir nas suas poesias, toda a angústia vivida num tempo em que a repressão política forçava os jovens a seguir um código de conduta extremamente rígido. Rimbaud, um poeta francês do século XIX, também escreveu os seus poemas rebeldes e foi considerado um dos primeiros a expressar as tristezas provindas da Revolução Industrial.
Sofria de epilepsia e depressão. Segundo amigos, os seus problemas neurológicos provavelmente tinham sido mal diagnosticados e não receberam o tratamento adqueado. 
Além disso, segundo sua esposa, no livro “Touching from a Distance”, que inspirou o filme “Control” ( Recomendo muito este filme, é excelente), o tímido Curtis nutria uma profunda fascinação por artistas que morreram jovens e passava horas a pensar e a ler obras dos escritores J.G. Ballard e William Burroughs.

A obsessão de Curtis pelo lado negro da vida aliado ao seu talento para escrever sobre desespero e separações renderam letras com um lirismo que fizeram a crítica especializada colocá-lo entre os idolatrados poetas pop. 
No contexto social e histórico em que viveu, Curtis alimentou-se do negativismo da filosofia punk e com os seus companheiros e membros do Joy Division estabeleceu algumas das tendências do pós-punk na cultura jovem.
Ian Curtis tirou a sua própria vida com apenas 23 anos, a 18 de maio de 1980, enforcando-se na cozinha da sua casa com a corda do estendal da roupa...
Ian foi mais um ser incompreendido com pensamentos totalmente à parte do mundo em que vivia... 
(Faz-me lembrar alguém) 



Este Punk não Nazismo!

O livro de Karol Cetinsky, publicado nos anos 50, chamado The House of Dolls, que descreve os horrores do nazismo e narra a história de uma ala num campo de concentração alemão, no qual prisioneiras judias eram usadas como escravas sexuais e forçadas a se prostituírem, durante a Segunda Guerra Mundial. Isto rendeu muitas associações do Punk a movimentos neo-nazistas, mas os Joy Division não eram de forma alguma uma banda neo-nazista...muito pelo contrário. 
 As suas letras diziam muito mais do que essa podre ideologia era capaz de suportar. As letras eram poesia e realidade e o manifesto de uma era de revolta e não idolatrar esses nazis que fizeram tais atrocidades. 
Falavam sobre vida e morte, alegria e sofrimento, anestesia e êxtase, poder e submissão.
Por isso, Joy Division foram um grande marco não só para a Indústria Musical mas também mudaram o conceito do Punk Rock. Eles foram a BANDA!

Os membros do Joy Division formaram a banda New Order após a morte de Ian Curtis. A banda havia feito um acordo de que os Joy Division não continuariam se um dos membros deixasse a banda ou morresse. O primeiro álbum dos New Order, Movement, possui uma canção intitulada I.C.B., que significa "Ian Curtis Buried" ("Ian Curtis Enterrado").



Ao lado da capacidade poética de Curtis, a inovação musical trazida pelos demais integrantes do Joy Division com a inserção de teclados, sintetizadores e uma nova atmosfera no rock que definiria os anos 80 aparecem mais intensamente no disco “Closer” lançado em junho de 1980, algumas semanas após o suicídio do vocalista. A crítica publicada pela revista britânica New Musical Express, logo após o lançamento, retrata “Closer” como um registo magistral, como uma obra que trata de vida e morte, como um sinal da satisfação que era se viver em tempos que faziam as pessoas produzirem músicas como aquelas.
Uma Banda que foi mais do que uma banda e que ainda ecoa pelas gerações presentes e futuras. 
É imortal, 
É eterna.

Existence is.. well.. what does it matter? I exist on the best terms I can. The past is now part of my future. The present is well out of hand.
Ian Curtis.


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2 Comments

  1. Vi o documentário já faz algum tempo e foi dos melhores que vi.
    O engraçado é que quem não conhece (e comenta) não faz ideia da história que eles tiveram. Do percurso nem das vivências. Gostei do post!

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    1. Ola, Ana Filipa!
      Sim o problema é que as pessoas falam e até usam as t shirts de certas e determinadas bandas e nem gostam, ou nem sabem o mínimo ... E depois ainda comentam
      Eles foram os lideres de um grande movimento e sem duvida uma das melhores bandas de todos os tempos
      Obrigada!
      XO,
      Andie.

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