Juventude Perdida.

Ele é o sonho e a realidade. Ele é a emoção que bate em mim e a chama que me mantém acesa, pois fria sou com coração gelado. E foi a par...

Ele é o sonho e a realidade. Ele é a emoção que bate em mim e a chama que me mantém acesa, pois fria sou com coração gelado.
E foi a partir daquele dia, daquele instante, no espaço-tempo que o conheci, que tudo se iluminou dentro de mim...O que é isto? Será Amor? Ou és tu que lanças o feitiço que me cega?
Os teus doces e quentes olhos castanhos de chocolate me fazem derreter por dentro e me levam ao conforto e equilíbrio que nunca houve em mim.
Lembras-te? 
Conhece-mo-nos naquele lugar, branco e vazio, onde o cheiro a doença e morte se entranhavam e a loucura junta fazia parte daquele monte de tijolos. 
Eu, sentada naquela cadeira fria e velha, com a mão a tapar o meu braço coberto de ligaduras, e tu a duas cadeiras de mim, sentado e calmo e com os teus caracóis loiros que tanto brilhavam sob aquela fraca luz...Eu olhei timidamente e de relance para ti, e tu apercebeste-te do meu olhar sobre ti e respondeste-me com o teu doce e quente olhar, porém também vazio, como o meu.
Voaste para a cadeira para junto de mim, com o teu ligeiro sorriso malandro e sedutor e olhaste para baixo. Eu não queria olhar, medo talvez, apenas estava pronta para o meu fim, e não para ti. E tu para o teu. E foi isso que nos uniu e separou.
Eu olhei para o teu pulso e entre a pulseira branca tinhas as tuas cicatrizes, li o teu nome escrito na pulseira e soava como um soneto na minha mente.
Trocámos olhares e falámos através deles, pois nenhum tinha a coragem de proferir uma única palavra.
Também ia ficar ali hospedada. Odiei. Naquelas salas brancas que pareciam vácuo, apenas um monte de tijolos onde a loucura e a morte andam de mãos dadas e onde as almas era perdidas.
Tu, todos os dias, me fizeste sorrir e as nossas loucuras únicas faziam os dias pequenos e as noites longas. Escapávamos pela vedação baixa que dava pela escura floresta que tanto amávamos. Era o nosso Lar. Somente nós.
Tu gostavas de Nirvana e Rock&Roll, do caos, da poesia, das coisas mais invulgares. E eu também. E ambos tínhamos fascínio pela autodestruição, mas ambos éramos o amor próprio que nunca tivemos. 
Amava como os teus casacos de lã dos anos 90 me envolviam e ficávamos os dois na relva deitados com a respiração a ser partilhada. E a noite contigo era como estar no Céu, protegias-me e eu a ti.
Éramos os dois contra o Mundo, ninguém entendia, ambos perdidos, a Juventude Perdida.
Mas contigo, elas fecharam e nunca mais fiz novas...Fizemos uma promessa lembras-te do "Nunca Mais" que tu disseste, beijando me delicadamente o pulso com os teus doces e carnudos lábios. E duas almas perdidas e escuras se uniram naquela noite.
E todas as noites eram iguais, nós juntos, enroscados um no outro. O Luar em ti era a minha visão preferida, a tua pálida pele brilhava e eu enfeitiçada ficava.
Fizeste despertar algo em mim e eu em ti.
Eles descobriram, separaram-nos, tenho tantas saudades tuas, esta dor é insuportável, as últimas lágrimas mancham este papel...Vou para junto de ti em breve.
Tu partiste naquela manhã. Os dias e as noites tornaram-se longos e insuportáveis e o vazio das salas eram uma constante sem ti.
Fui ao teu quarto, porque o fizeste, meu amor? Eu sei o porquê, mas tu prometeste...Eles partiram-nos e em cacos ficámos. Não resta nada aqui...O meu lugar é contigo, junto de ti. Saudades da tua pálida pele, do teu sorriso sedutor e lindo e dos teus olhos quentes e doces e daqueles lábios...
Os dois iremos ser eternos e completar a solidão que nos juntou. Seremos imortais e jovens para sempre e tua serei.
Prometo-te que serei tua e tu meu. Somos o caos e a destruição Somos a Morte e as Trevas.
Somos o amor escuro de duas almas da Juventude Perdida.  


By




You Might Also Like

0 Comments